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Ele Nos Entende, Mas Nós o Entendemos? O Caso em Favor da Crítica a Falsos Mestres

Neste artigo, o Dr. Frank Turek examina com firmeza e sensibilidade a importância de confrontar falsos mestres que distorcem o Evangelho verdadeiro. Em meio ao crescente apelo cultural por versões distorcidas de Jesus — como a apresentada na campanha “He Gets Us” —, ele demonstra, com base nas Escrituras, que a crítica fundamentada em amor e verdade é não apenas apropriada, mas necessária. Turek relembra como Jesus e os apóstolos sempre alertaram contra falsos ensinamentos e reforça que o amor cristão autêntico busca o bem do próximo, mesmo quando isso exige confrontação. Ao destacar que o verdadeiro Jesus não veio apenas trazer paz social, mas salvação eterna, o autor convida o leitor a refletir sobre o papel da doutrina bíblica e o perigo de aceitar heresias em nome da tolerância.

A Crítica Cristã é Bíblica?

Certa vez, recebi um e-mail irritado de uma senhora que não gostou do fato de eu ter criticado um falso mestre em nosso podcast I Don't Have Enough Faith to be an Atheist (Não tenho fé suficiente para ser ateu). "Você não deveria criticar outros cristãos!", ela me repreendeu.

Está vendo o problema com isso? Lá estava ela criticando a mim, outro cristão, enquanto afirmava que não se deve criticar outros cristãos. Parafraseando Elon Musk, se a ironia pudesse matar, ela estaria morta agora mesmo.

O Exemplo de Jesus e dos Apóstolos

Aparentemente, ela nunca considerou o fato de que Jesus passou grande parte de seu tempo criticando os falsos ensinamentos e práticas dos políticos religiosos conhecidos como fariseus, cujo coração estava longe de Deus. Ele também advertiu as pessoas que desviavam os jovens crentes: "E, se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, seria melhor para esse que uma grande pedra de moinho fosse pendurada ao seu pescoço e fosse afogado na profundeza do mar. (Mateus 18:6)".

Paulo expôs cinco falsos mestres pelo nome em suas cartas a Timóteo. Ele advertiu que "virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, se rodearão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos." (2 Timóteo 4:3). Ele também disse aos romanos que "notem bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que vocês aprenderam. Afastem-se deles, porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre. Com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração das pessoas simples." (Rm 16:17-18). Observe que as pessoas que causam divisões não são aquelas que defendem a verdade, mas aquelas que estão introduzindo os falsos ensinamentos.

Na verdade, todos os escritores do Novo Testamento advertiram contra os falsos mestres em algum momento. Pedro disse que os "falsos mestres" introduziriam "heresias destruidoras" que "prometem liberdade às pessoas, enquanto elas mesmas são escravas da depravação" (2 Pedro 2:1,19). João escreveu: "Amados, não deem crédito a qualquer espírito, mas provem os espíritos para ver se procedem de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído mundo afora." (1João 4:1). O escritor de Hebreus nos disse para "não se deixem levar por doutrinas diferentes e estranhas" (Heb. 13:9). Judas disse que precisamos "lutar pela fé" porque "pessoas ímpias… transformam em libertinagem a graça do nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo." (Judas 3-5). Tiago nos advertiu a respeito de nos tornarmos mestres porque os mestres serão julgados com mais rigor (Tiago 3:1). E a lista continua.

Em certo sentido, a Bíblia inteira é uma longa advertência para evitar falsos ensinamentos e práticas. No entanto, de alguma forma, as pessoas de hoje têm a impressão de que é um pecado maior advertir as pessoas sobre os falsos ensinamentos do que ser de fato um falso professor!

O Problema com a Campanha “He Gets Us”

Digo tudo isso porque minha amiga Natasha Crain foi alvo de muita pressão on-line de alguns cristãos por apontar sete problemas com a campanha "He Gets Us (Ele nos entende)", que incluiu dois comerciais de 30 segundos durante o Super Bowl deste ano. Ao ler o artigo de Natasha – que foi compartilhado nas mídias sociais mais de 26.000 vezes – você percebe que a campanha "He Gets Us (Ele nos entende)" ironicamente não entende Jesus.

Não se trata apenas do fato de seus comerciais de 30 segundos deixarem de fora a verdade mais importante sobre Jesus (isso pode ser perdoado – afinal, são apenas 30 segundos!). Mas o site deles induz as pessoas a pensar que Jesus era apenas um homem muito bom cuja missão principal era alcançar a justiça social. Não há nada proeminente sobre o fato de Ele ser Deus ou nosso Salvador.

Evangelho Verdadeiro ou Justiça Social?

Como Natasha observa, o chefe da empresa de marketing por trás da campanha disse explicitamente: "Em última análise, o objetivo é a inspiração, não o recrutamento ou a conversão". É por isso que Jesus não está sendo destacado como nosso substituto. Ele é simplesmente apresentado como um bom exemplo de "paz e amor". Um palestrante motivacional. Um guerreiro da justiça social.

Mas essa não era a missão de Cristo. Como podemos saber? Porque ele declarou explicitamente sua missão principal. Aqui estão apenas algumas das várias declarações de Jesus:

"Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Mc 10:45).

"Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido." (Lc. 19:10).

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele." (João 3:16-17).

"Agora a minha alma está angustiada,e o que direi? "Pai, salva-me desta hora"? Não, pois foi precisamente com este propósito que eu vim para esta hora." (Jo 12:27).

"Assim está escrito que o Cristo tinha de sofrer, ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia, e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando em Jerusalém." (Lucas 24:46-47)

Como Greg Koukl observa em "The Legend of the Social Justice Jesus (A Lenda do Jesus da Justiça Social)", "Para Jesus, a salvação não era a prosperidade econômica, a distribuição igualitária de bens ou a liberdade sexual sem julgamento ou vergonha. Em vez disso, a salvação vinha por meio da crença nele, trazendo o perdão dos pecados e a vida eterna."

Deus não acrescentou a humanidade à sua divindade e sofreu uma morte brutal para garantir que todos usassem os pronomes corretos. Ele veio para ser o resgate que paga por nossos pecados.

É claro que Jesus quer que amemos o nosso próximo, mas esse não é um ensinamento novo – já era a política declarada de Yahweh no Antigo Testamento (Levítico 19:18). Além disso, o amor na Bíblia não significa aprovação, como sugere a campanha "He Gets Us (Ele nos entende)". O amor busca o que é melhor para as pessoas, e isso exige que nos oponhamos a qualquer mal que um ente querido queira fazer. Como disse Paulo, "O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (1 Cor. 13:6-7).

Portanto, ao contrário da campanha “He Gets Us (Ele nos entende)", Jesus não veio para dar algum novo ensinamento ético. Ele veio para ser "o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo" (Jo 1:29) – o sacrifício final que o sistema sacrificial do Antigo Testamento prefigurava.

Ok, então “He Gets Us (Ele nos entende)", não o entende. E daí? Qual é o problema? Natasha escreve: "'He Gets Us (Ele nos entende)’, tem o potencial de realmente prejudicar a compreensão pública de Jesus. As pessoas precisam saber que Jesus é o nosso Salvador, não um amigo compassivo." Eu gostaria de ampliar e ilustrar esse excelente ponto.

O Perigo de um Jesus Diluído

Imagine que você veja um comercial de um lugar sobre o qual você não sabe nada, chamado St. Jude’s. O comercial fala apenas da boa comida que eles servem às crianças. Quando você acessa o site destacado no comercial, só vê mais informações sobre a comida. A declaração de missão deles não diz nada sobre o St. Jude's ser um hospital ou sobre o fato de que a missão deles é tratar e tentar curar crianças com câncer infantil gratuitamente. Eles apenas promovem o ângulo da alimentação. Você acaba pensando que se trata de algum tipo de restaurante voltado para crianças. Quem pensaria que esse é um comercial correto? É claro que eles precisam servir comida para as crianças, mas essa não é sua missão principal – não é por isso que eles existem. Embora um comercial não possa fornecer informações completas, ele deve, pelo menos, fornecer informações precisas.

Em vez de informar as pessoas, esse comercial estaria desinformando-as. As pessoas que vissem o anúncio e o site teriam primeiro que desaprender a desinformação que lhes foi passada antes de se abrirem para saber do que se trata de fato o St. Jude's. E isso pode ser fatal. Se você tivesse um filho com câncer, poderia perder a oportunidade de curá-lo gratuitamente no hospital St. Jude’s porque a campanha obscureceu essa missão de salvar vidas.

Por que Precisamos Falar Sobre Falsos Mestres?

Há um perigo semelhante na campanha "He Gets Us (Ele nos entende)". Embora possa haver algo de bom nisso – como estimular conversas sobre Jesus -, isso é superado pelo fato de que muitos descrentes serão induzidos a pensar que Jesus veio apenas para melhorar nossa vida aqui. Que sua principal missão era alcançar a justiça social nesta Terra. As pessoas terão que desaprender esse falso ensinamento depois de serem enganadas pela campanha. Elas correm o risco de perder uma cura gratuita para seus pecados, que salva vidas, dada pelo grande médico. Elas correm o risco de perder a vida eterna.

Se ao menos os cristãos agissem como Jesus e os apóstolos para corrigir a "conversa fiada" que "engana a mente das pessoas ingênuas". Se ao menos eles "lutassem pela fé" em vez de acreditarem em qualquer coisa que "seus ouvidos com coceira queiram ouvir".

Espere, isso é exatamente o que Natasha fez. E ainda assim alguns cristãos estão furiosos com ela! Eles deveriam voltar e ler suas Bíblias. Jesus e os apóstolos não calaram a boca porque o objetivo deles não era ser "bonzinhos". O objetivo deles era amar as pessoas, alertando-as sobre informações errôneas prejudiciais e substituindo-as pela verdade, exatamente como Natasha fez. (Para saber mais, clique aqui.)

Recursos recomendados relacionados ao tema:

O Grande Livro de Romanos (“The Great Book of Romans”, em inglês) por Dr. Frank Turek – (Mp4, Mp3, DVD Série Completa, Guia de Estudo do Aluno e do Instrutor, Conjunto Completo do Instrutor)

Jesus, Você e os Fundamentos do Cristianismo (“Jesus, You and the Essentials of Christianity”, em inglês) por Frank Turek – (Guia do Instrutor), (Guia do Aluno) e (DVD)

Como Interpretar a Sua Bíblia (“How to Interpret Your Bible”, em inglês) por Dr. Frank Turek – (Série completa em DVD), (Guia de Estudo do Instrutor) e (Guia de Estudo do Aluno)

Podcast: He Gets Us: Why Don’t We Get Him (Ele nos entende: por que nós não o entendemos?) por Frank Turek

Blogpost: Como explicar aos seus filhos por que os guerreiros da justiça social odeiam tanto os cristãos (How to Explain to Your Kids Why Social Justice Warriors Hate Christians So Much) por Natasha Crain

Blogpost: 7 Problemas com a Campanha He Gets Us (7 Problems with the He Gets Us Campaign) por Natasha Crain

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Dr. Frank Turek (D.Min.) é um autor premiado e palestrante frequente em faculdades, além de apresentador de um programa semanal de TV na DirectTV e de um programa de rádio que vai ao ar em 186 emissoras em todo o país. Seus livros incluem Não Tenho Fé Suficiente para Ser Ateu (I Don't Have Enough Faith to be an Atheist), Roubando de Deus: Por que os ateus precisam de Deus para defender sua causa (Stealing from God: Why atheists need God to make their case).

Blog original de Natasha Crain sobre a campanha "He Gets Us (Ele nos entende)": http://bit.ly/3ZjMiKm

Falsos Mestres – O artigo apresenta um forte argumento a favor da crítica responsável aos falsos mestres na fé cristã. Com base no Novo Testamento, Frank Turek demonstra que Jesus, Paulo, Pedro e outros líderes bíblicos advertiram contra heresias que colocam em risco a salvação das pessoas. Ele analisa criticamente a campanha “He Gets Us” e aponta como essa iniciativa obscurece a missão real de Jesus: ser o Salvador do mundo. O texto destaca que o amor bíblico não aprova tudo, mas confronta o erro com coragem e verdade. Assim, o artigo convida o leitor a discernir entre empatia cultural e fidelidade à doutrina bíblica.

Escrito por:

Picture of Frank Turek, PhD.

Frank Turek, PhD.

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