Conflito e Confissões
Eu tinha acabado de entrar em casa depois de um almoço de duas horas e meia com minha mãe e minha irmã, e meu coração estava cheio. Tivemos uma conversa tão profunda que perdemos a noção do tempo. Foi uma daquelas visitas que só terminou porque eu precisava pegar meus filhos, não porque eu quisesse ir embora.
Enquanto estava na cozinha, o nome da minha mãe apareceu no meu celular. Fazia apenas uma hora desde que a vi pela última vez, então me perguntei o que ela precisava. Atendi e disse: “Alô?” Sua voz falhou e ela disse: “Shan? Preciso pedir desculpas a você.”
Fiquei completamente surpresa. Na minha opinião, ela não precisava se desculpar por nada.
Você precisa entender uma coisa sobre minha mãe. Foi ela quem incutiu em mim e em meus irmãos o amor por Deus e Sua Palavra. Eu a admiro, respeito e amo profundamente. Nenhuma família é perfeita, e tivemos nossos conflitos de mãe e filha enquanto eu crescia, mas isso me pegou de surpresa.
“Tudo bem?”, eu disse, sem saber o que estava por vir.
Ela começou: “Nas últimas semanas, eu tenho feito algumas suposições sobre você. Depois de passar um tempo com você hoje, percebi que estava errada. Me desculpe”.
Em vez de ficar magoada ou ofendida, meu coração se derreteu. Sua confissão e desculpas significaram muito para mim. Continuamos a conversa e esclarecemos todos os mal-entendidos. Quando desliguei o telefone, eu a amava ainda mais do que antes.
Não subestime o perdão
Essas palavras — “desculpe-me” — são poderosas. Não são fáceis de dizer, mas têm o poder de curar. Podem ser simples, mas muitas vezes são negligenciadas.
Esse momento com minha mãe me ensinou uma lição valiosa. Ela não precisava me dizer que estava remoendo algo. Depois do nosso almoço, ela poderia simplesmente ter deixado para lá. Eu nunca teria sabido. Mas ela não considerou o perdão como algo garantido e, se tivesse feito isso, teria abandonado a verdade bíblica.
Tiago 5:16 diz: “Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para que sejam curados”. É mais fácil confessar a Deus do que a outra pessoa, especialmente quando essa confissão envolve admitir que você estava errado sobre ela. Mas a confissão traz cura — não apenas para a pessoa que confessa, mas para o relacionamento.
Embora eu não estivesse ciente das suposições da minha mãe, ela sabia, e isso estava prejudicando nossa conexão. A honestidade dela fortaleceu nosso vínculo. Deus nos chama para vivermos em relacionamentos corretos uns com os outros e nos mostra como fazer isso.
O conflito não é o inimigo
Isaías 1:18 diz: “Venham agora, e vamos raciocinar juntos” ou, em algumas traduções, “Vamos resolver a questão”. Deus nos convida a conversar com Ele. Se o Criador do universo está disposto a dialogar conosco, quanto mais devemos estar dispostos a dialogar com os outros?
Vou ser honesta: odeio conflitos. Eles me causam um nó no peito. Minha reação imediata é correr para casa, fechar as cortinas e fingir que tudo vai passar. Mas não é isso que Deus nos chama para fazer.
O conflito é desconfortável, sim. Mas também é uma oportunidade de fortalecer nossos relacionamentos. Minha mãe me mostrou isso. Sua disposição de ligar e dizer “desculpe-me” me transformou.
Deus se importa com os relacionamentos
Jesus enfatizou isso em Mateus 5:23-24: “Se você estiver apresentando sua oferta diante do altar e ali se lembrar de que seu irmão tem algo contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com seu irmão; depois volte e apresente sua oferta.”
Durante anos, pensei que se alguém tivesse um problema comigo, isso era problema dessa pessoa. Mas este versículo nos diz que, mesmo que pensemos que alguém está chateado conosco, devemos ser nós a iniciar a reconciliação.
Porque, para Deus, não se trata apenas de nós. Trata-se de relacionamentos. E os relacionamentos são muito importantes para Ele.
O poder curativo da confissão
O pedido de perdão da minha mãe me lembrou como é o amor. De todos os conflitos que experimentei na vida, ela foi a única que ligou, confessou e disse aquelas duas palavrinhas. E essas palavras me fizeram sentir vista, valorizada e amada.
Minha atitude em relação aos conflitos está mudando. Ainda não gosto deles, mas não os vejo mais como algo a ser evitado a todo custo. Agora, vejo-os como uma porta para a cura e uma conexão mais profunda. O perdão nunca deve ser menosprezado e nunca deve ser ignorado.
Considerações finais
Quero encorajá-lo a manter “perdoe-me” em seu vocabulário. Não diga isso de forma leviana, mas diga quando necessário. Aceite quando alguém disser isso a você. É uma frase simples, mas tem o poder de transformar relacionamentos.
O conflito não é o fim. Pode ser apenas o começo de algo mais forte. Não fuja dele. Enfrente-o com honestidade, humildade e o desejo de amar bem.
Porque, às vezes, a coisa mais poderosa que você pode dizer é “perdoe-me”.
E, às vezes, a coisa mais curadora que você pode ouvir é: “Eu te perdoo”.
Deixe que essas duas pequenas frases moldem seus relacionamentos para melhor.