A Espiritualidade em Star Wars
Por Frank Turek e Frank Zachary Turek
A série Guerra nas Estrelas é composta por onze filmes maravilhosos (alguns mais do que outros) que, por definição, estão repletos de questões abertamente religiosas.
George Lucas disse: "Eu coloquei a Força nos filmes para tentar despertar um certo tipo de espiritualidade nos jovens – mais uma crença em Deus do que uma crença em qualquer sistema religioso específico".
Ele admite que quer fazer com que os jovens pelo menos pensem sobre as grandes questões da vida: "Existe um Deus? Qual é a aparência de Deus? Como é o som da voz de Deus? Como Deus se sente? Como nos relacionamos com Deus? O que tenho tentado fazer nos filmes é levar os jovens a pensar nesse nível".
A Força e o Deus do Cristianismo
Nada mal para Hollywood! Mas que tipo de respostas os filmes fornecem aos espectadores e como eles se comparam ao Cristianismo?
Lucas afirma que não está tentando direcionar os espectadores a respostas definitivas. "O modo como, no fim das contas, cada um descreve seu Deus ou expressa sua fé não é o foco do filme.”
É claro que era inevitável que seu filme retratasse um tipo específico de visão de mundo com sua própria visão de Deus. A Força não é uma visão cristã de Deus. O deus de Guerra nas Estrelas está mais próximo do deus do panteísmo – ele é onipresente e une o universo, mas a Força não faz exigências morais a quem faz uso dela.
As exigências morais fazem parte, é claro, do Cristianismo, que muitas vezes usa a mesma linguagem de luz versus escuridão encontrada em Guerra nas Estrelas. Deus nos chama para estarmos na luz, como Ele está (1 João 1:7). Aqueles que estão em pecado são descritos como estando nas trevas, enquanto aqueles que aceitaram Cristo como seu Salvador estão na luz do Senhor. Em sua carta aos Efésios, Paulo escreve:
“Porque no passado vocês eram trevas, mas agora são luz no Senhor. Vivam como filhos da luz — porque o fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade —, tratando de descobrir o que é agradável ao Senhor. E não sejam cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, tratem de reprová-las.” Efésios 5:8-11
Essa ideia de se afiliar à luz separa muito o Cristianismo de qualquer tipo de religião baseada na Força. A Força em si é claramente neutra – igualmente acessível a ambos os lados e sem preferir um em detrimento do outro. Como a Força não é pessoal, ela não pode comandar ninguém para fazer o bem com seu poder.
Dessa forma, o panteísmo é muito parecido com o ateísmo. Quer você chame a natureza de "a Força" ou simplesmente de matéria e energia, você não tem base para uma moralidade objetiva. A natureza impessoal não tem autoridade ou capacidade para dizer a você ou a qualquer pessoa o que fazer.
No entanto, há moralidade em toda a série Guerra nas Estrelas. Embora a Força seja tecnicamente neutra, George Lucas admite que Star Wars é uma "peça moral". Na verdade, praticamente todas as boas histórias, incluindo todos os filmes de super-heróis, são peças de moral. Sempre há mocinhos e bandidos. O mal sempre precisa ser derrotado, o que pressupõe que há um padrão objetivo do bem que devemos seguir. Um padrão objetivo do bem que todos os seres humanos são obrigados a seguir só pode existir se houver um Deus pessoal.
Como o universo de Star Wars não tem um Deus pessoal, como a moralidade é justificada nos filmes? Não se justifica. Mas tudo bem. São filmes. Nem tudo precisa ser justificado ou fazer sentido. A Força, assim como a magia de Harry Potter, não foi criada para ser baseada na realidade. É ficção científica. Assim como não vemos pessoas voando em vassouras, não vemos pessoas empunhando sabres de luz ou movendo naves espaciais com suas mentes.
Embora Lucas afirme que a Força é moralmente neutra, o público não é. Como Deus escreveu a Lei Moral em nossos corações, sabemos intuitivamente e imediatamente que os Jedi são os heróis da história e que o lado da luz é moralmente melhor do que o lado negro.
A Ilusão do Equilíbrio Entre Bem e Mal
O objetivo repetido de "equilíbrio" na Força é outra diferença entre a Força de Guerra nas Estrelas e o Deus do Cristianismo. "O filme é, em última análise, sobre o lado sombrio e o lado luminoso", disse George Lucas. "Esses lados são projetados em torno da compaixão e da ganância – todos nós temos esses dois lados em nós – e temos que nos certificar de que esses dois lados estejam em equilíbrio."
Essa é realmente uma afirmação estranha. Será que realmente queremos um "equilíbrio" entre compaixão e ganância ou entre outras formas de bem e mal? Você consegue imaginar sua avó lhe dizendo que, desde que você faça o mesmo número de coisas boas para o menino da casa ao lado, você pode fazer todas as coisas ruins que quiser com ele? Os cristãos (e todas as pessoas) deveriam estar lutando para erradicar completamente o mal, não para equilibrá-lo com o bem.
Além disso, ao contrário da Força de Guerra nas Estrelas, Deus e Satanás não estão "em equilíbrio", como se fossem forças iguais e opostas. Como vimos na introdução, Deus é o único poder soberano, e todas as outras criaturas derivam seu poder Dele. Assim como o mal não pode existir sem o bem, Satanás não pode existir sem Deus. Nem os anjos e demônios. E nós também não.
C. S. Lewis colocou bem a questão: "O Cristianismo concorda com o dualismo de que este universo está em guerra. Mas ele não acha que essa seja uma guerra entre poderes independentes. Ele acha que é uma guerra civil, uma rebelião, e que estamos vivendo em uma parte do universo ocupada pelo rebelde."
O Verdadeiro Significado de Fé
O conceito cristão de fé também é diferente da religião da Força. Em Star Wars, fé significa não confiar em seus sentidos, mas em seus sentimentos. É por isso que Obi-Wan pediu a Luke que desligasse seu computador de mira e confiasse em seus sentimentos.
O Cristianismo é exatamente o oposto. Fé é confiar naquilo que você tem boas razões para acreditar que é verdade, e a principal maneira de obter essas razões é usando os sentidos. Depois de descobrir esses motivos, você não confia em seus sentimentos quando eles contradizem os fatos. Os sentimentos são inconstantes e sujeitos a mudanças de emoções. Os sentimentos mudam, mas os fatos não.
Em Star Wars, quanto mais fé você tem, mais poder você tem. É por isso que Yoda consegue levantar a nave espacial da lama em Dagobah, enquanto Luke não consegue. Mas não é assim que o mundo real funciona.
Imagine que você e seu amigo embarquem em um voo para o Havaí. Se você confia totalmente nos pilotos, mas seu amigo está morrendo de medo (sua fé é forte, mas a dele é fraca), isso significa que você chegará lá, mas ele cairá? Claro que não. Quando ele estiver no avião, a força de sua fé não é o problema. O que importa é a habilidade dos pilotos. O mesmo acontece no Cristianismo. Não é a quantidade de fé que tem poder – a fé de um grão de mostarda é suficiente. Em vez disso, o poder está em quem você deposita sua fé. Jesus, e não a humanidade, é a fonte de nosso poder.
Extraído de Hollywood Heroes: How Your Favorite Movies Reveal God [Heróis de Hollywood: Como seus filmes favoritos revelam Deus], de Frank Turek e Zach Turek. Copyright ©2022. Usado com permissão da NavPress. Todos os direitos reservados. Representado pela Tyndale House Publishers, uma divisão da Tyndale House Ministries.
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_________________________________________________________________________________________________Frank Turek é autor premiado e coautor de diversos livros, incluindo I Don’t Have Enough Faith to Be an Atheist (Não Tenho Fé Suficiente para Ser Ateu) e seu mais recente, Hollywood Heroes (Heróis de Hollywood), com lançamento pela NavPress em maio de 2022. Ele apresenta um programa semanal de TV transmitido para 32 milhões de lares e um podcast de apologética veiculado em mais de 180 emissoras. Como fundador e presidente do site CrossExamined.org, Frank realiza mais de 100 palestras por ano, frequentemente para jovens e universitários. Já debateu com vários ateus de destaque, incluindo Christopher Hitchens e Michael Shermer.
Frank Zachary Turek é oficial de inteligência de carreira nas Forças Armadas dos Estados Unidos. Possui mestrado em Filosofia pelo Southern Evangelical Seminary e é coautor do livro Heróis de Hollywood com seu pai, Frank Turek.
Blog original: https://bit.ly/3Jdm6c0