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A Verdade sobre a Verdade Absoluta: Uma Refutação Concisa da Filosofia de “Adesivo para Para-Choque”

Neste artigo, o Dr. Frank Turek oferece uma crítica contundente ao relativismo moderno — a crença de que não existe verdade absoluta. Por meio de quatro perguntas fundamentais, ele revela como esse pensamento é autocontraditório e ilógico. A análise mostra que frases como “isso é verdade para você, mas não para mim” se anulam logicamente. Turek recorre às leis da lógica, como a Lei da Não-Contradição, e à tradição filosófica de Aristóteles para sustentar que a verdade corresponde à realidade. Ele também refuta a ideia de que toda filosofia deve começar com dúvida e argumenta que a linguagem, apesar das críticas pós-modernas, é capaz de expressar verdades reais. O artigo apresenta um chamado à razão e à clareza intelectual em uma cultura saturada de ceticismo e relativismo, defendendo que podemos, sim, conhecer e comunicar a verdade objetiva.

Por Que a Verdade Absoluta Ainda Importa?

Todos nós já lemos aqueles adesivos de para-choque que nos dizem para “questionar a realidade” e, ao mesmo tempo, querem que levemos a sério o que o próprio adesivo diz. Alguns até incentivam as várias religiões do mundo a “coexistirem” — religiões que contêm afirmações de verdade completamente contraditórias entre si. Eu mesmo já li um que me incentivava a “questionar a autoridade”. Presumo que devo questionar toda autoridade, exceto os “deuses dos adesivos de para-choque”. Muitas vezes me pergunto se essa pessoa já foi parada por um policial e se seguiu o próprio conselho. Mas alguém poderia dizer: “Relaxa, cara! É só um adesivo de para-choque! Foi feito pra ser engraçado!” Minha resposta é: “Sim! Certamente é uma piada! Mas a piada é com eles!”

Infelizmente, o pensamento raso domina a nossa cultura hoje em dia — e isso não tem graça nenhuma. As ideias têm consequências enormes! O que pensamos e como pensamos realmente importa. Isso vai na contramão do que muita gente acredita atualmente. Talvez você tenha ouvido uma ou mais das seguintes afirmações ou slogans:

"Isso é verdade para você, mas não para mim."

"Toda verdade é relativa. Ninguém tem a verdade."

"A verdade é relativa à cultura de cada um."

"Quem é você para julgar?"

"Quem é você para dizer que sua religião está certa e todas as outras estão erradas?"

"Por que você está sendo intolerante com as crenças de outra pessoa?"

Neste artigo, tentarei dar uma resposta concisa ao relativismo em suas várias formas – a crença de que não existe verdade absoluta.

Faremos quatro perguntas de importância vital:

O relativismo é autocontraditório?

As leis da lógica se aplicam a toda a realidade?

Toda filosofia deve começar com a dúvida?

As palavras transmitem a verdade sobre coisas reais?

1. O relativismo é autocontraditório?

Sim.

Se alguém faz uma afirmação que é autocontraditória, isso significa simplesmente que ela não pode ser logicamente verdadeira. Algo não pode ser “A” e “não-A” ao mesmo tempo e no mesmo sentido. Não há meio-termo. Isso vem de uma lei da lógica chamada “Lei da Não-Contradição”. Uma afirmação autocontraditória seria: "Não consigo escrever uma palavra em português". Obviamente, essa afirmação é falsa porque acabei de escrever uma frase em português. Outras afirmações, como "Eu não existo" ou "O relativismo é verdadeiro para todos", não podem ser verdadeiras porque, se forem verdadeiras, são falsas. São afirmações autocontraditórias. A maioria dos relativistas acredita que o relativismo é verdadeiro para todos, exceto para eles. Mas, mais uma vez, se isso for verdade, então é falso.

Em resumo, as alegações do relativismo são autocontraditórias e falsas e, portanto, devem ser rejeitadas por motivos lógicos. A verdade é o que corresponde ao real (à realidade).

Uma boa maneira de testar afirmações ou declarações é voltar a declaração contra ela mesma.

“Toda verdade é relativa.” → Isso é verdade?

“Você não deve julgar as pessoas! Você está sendo intolerante!” → Isso que você acabou de fazer foi um julgamento? Você estava sendo tolerante com meu ponto de vista?

“Questione a realidade.” → Devo questionar essa afirmação, então?

2. As leis da lógica se aplicam a toda a realidade ou apenas a parte dela?

Outro aspecto da Lei da Não-Contradição é algo chamado Lei da Identidade. Ou, em outras palavras: aquilo que é real, é real; e aquilo que não é real, não é real. Parece bom senso, e de fato é! As leis da lógica não foram inventadas, elas foram descobertas! Elas são universais (aplicam-se a toda a realidade); são atemporais (são verdadeiras independentemente do século em que estamos), são imutáveis e certas (como as leis da matemática – 2 + 2 sempre = 4!).

A suposição básica aqui é que tudo o que é real é lógico, portanto, a resposta é sim, as leis da lógica se aplicam a TODA a realidade (tudo o que é real!).

Se algo é real, as leis da lógica se aplicam a isso e nos ajudam a descobri-lo.

3. Toda filosofia deve começar com a dúvida?

Alguns dos maiores filósofos que já existiram (Sócrates e Descartes) começaram com a dúvida, então isso não significa que o ceticismo e a dúvida são o melhor lugar para descobrir o conhecimento da verdade?

Embora seja verdade que Sócrates tenha usado seu famoso método de "questionamento", ele nunca praticou a dúvida metódica universal, como fez Descartes. Se praticássemos a dúvida universal sobre tudo (como fez Descartes em seu "Discurso sobre o Método"), então por que não duvidamos de nossas dúvidas? Para duvidar, deve haver algo para que possamos duvidar.

Foi Aristóteles quem disse que a filosofia começa com a “admiração” — e que todos os homens desejam “conhecer”, e não “duvidar”.

A dúvida universal nos deixa apenas com ceticismo e é, na verdade, autocontraditória (veja o item 1 acima).

4. As palavras transmitem a verdade sobre coisas reais?

A última pergunta que responderemos brevemente aqui é se as palavras transmitem ou não a verdade de forma adequada e o que isso significa em nossa busca pela verdade.

Uma das teorias Pós-Modernas mais predominantes hoje em dia é o Desconstrucionismo, que basicamente diz o seguinte: que as palavras não podem descrever adequadamente a realidade; que as palavras não têm a intenção de se referir à realidade (às coisas reais); que a linguagem está condicionada à cultura, raça, etc.; ou que a linguagem (palavras) é usada apenas para obter poder sobre outra pessoa ou grupo (por meio da Vontade de Poder, Friedrich Nietzsche).

Mas esse é o ceticismo em sua forma mais extrema. O ceticismo básico diz "Eu não sei a verdade", enquanto o Desconstrucionismo diz "Eu não tenho a capacidade de saber a verdade".

Podemos responder a esse ceticismo radical com algumas observações e críticas. Em primeiro lugar, qualquer filósofo ou outra pessoa que escreva livros dizendo que a linguagem é inadequada está quebrando as regras de sua própria filosofia! Por que leríamos esses livros se não podemos confiar no que eles escrevem, já que suas palavras não têm a intenção de se referir à realidade; elas estão condicionadas à cultura do autor e têm como objetivo apenas ganhar poder sobre mim? Parece que a única exceção à filosofia do Desconstrucionismo são os próprios filósofos desconstrucionistas. Se simplesmente aplicarmos seus próprios métodos em sua própria filosofia (e livros), descobriremos que ela é autocontraditória e, portanto, falsa.

Todo discurso racional e todo debate assumem as leis da lógica (Lei da Não-Contradição e Lei da Identidade) e assumem que as palavras podem transmitir a verdade sobre a realidade (o significado). Se abandonarmos esses princípios, ou se os negarmos, não teremos nada sobre o que falar; não teremos nada para debater. Só nos resta o silêncio.

Vivemos hoje numa cultura altamente cética em relação a qualquer afirmação de verdade absoluta, seja ela religiosa, filosófica ou de qualquer outro tipo. No entanto, essa mesma cultura é hipócrita quando alguém critica suas próprias visões de tolerância, relativismo e pluralismo.

Afirmações filosóficas e religiosas (em linguagem escrita ou falada) que dizem ser verdadeiras estão sujeitas às leis da lógica — e, portanto, à crítica. Se alguém não quer ou não gosta que seu ponto de vista seja criticado ou desafiado, então não deve fazer declarações que possam ser avaliadas pela razão.

A verdade está lá fora – é a verdade sobre a realidade (sobre o que é real). Podemos conhecê-la e comunicá-la.

Para saber mais sobre esse assunto:

Francis Beckwith e Gregory Koukl, Relativism: Feet Firmly Planted in Mid-Air (1998).

Peter Kreeft, Socratic Logic, 3.1 (2010).

Peter Kreeft, Summa Philosophia (2012), veja especialmente a Questão I: Lógica e Metodologia, páginas 10-37.

Relativismo – Neste artigo, Frank Turek desmonta o relativismo, mostrando suas falhas lógicas e filosóficas. Ele argumenta que negar a existência da verdade absoluta é, em si, uma afirmação autocontraditória. Utilizando princípios da lógica clássica, como a Lei da Não-Contradição e a Lei da Identidade, Turek demonstra que a verdade está ligada à realidade e não depende de opiniões pessoais ou culturais. Além disso, ele desafia a ideia de que a dúvida universal seja o ponto de partida ideal da filosofia e rebate o desconstrucionismo, que afirma que as palavras não podem expressar a realidade. Com base em autores clássicos como Aristóteles e contemporâneos como Beckwith e Kreeft, o texto reforça que a verdade pode ser conhecida, comunicada e defendida racionalmente. É uma defesa poderosa contra o pensamento relativista que domina a cultura atual.

Escrito por:

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Frank Turek, PhD.

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