O Início do Universo e as Evidências Científicas

Quando debati com o ateu Christopher Hitchens, um dos oito argumentos que ofereci para a existência de Deus foi a criação deste universo extremamente bem ajustado a partir do nada. Falei sobre as cinco principais linhas de evidência científica – indicadas pelo acrônimo SURGE – que apontam para o início definitivo do contínuo espaço-tempo. São elas: a Segunda Lei da Termodinâmica, o Universo em Expansão, Radiação Residual do Big-Bang, Sementes de Grandes Galáxias e a Teoria da Relatividade de Einstein.

Embora eu não tenha espaço para detalhar essas evidências aqui (veja o livro Eu não tenho fé suficiente para ser ateu), tudo aponta para o fato de que o universo começou literalmente a partir nada físico ou temporal. Antes não havia tempo, nem espaço, nem matéria e, então, tudo passou a existir do nada com grande precisão.

Cientistas e a Reconstrução do Relato da Criação

As evidências levaram o astrônomo Dr. Robert Jastrow – que até sua morte recente era o diretor do observatório Mount Wilson, antes dirigido por Edwin Hubble – a escrever um livro chamado God and the Astronomers (Deus e os astrônomos). Apesar de revelar na primeira linha do capítulo 1 que ele era pessoalmente agnóstico em relação a "assuntos religiosos", Jastrow analisou algumas das evidências do SURGE e concluiu: "Agora vemos como as evidências astronômicas levam a uma visão bíblica da origem do mundo. Os detalhes diferem, mas os elementos essenciais nos relatos astronômicos e bíblicos do Gênesis são os mesmos: a cadeia de eventos que levou ao homem começou repentina e bruscamente em um momento definido no tempo, em um flash de luz e energia".

Em uma entrevista, Jastrow foi ainda mais longe, admitindo que "os astrônomos agora percebem que se colocaram em uma posição difícil porque provaram, por seus próprios métodos, que o mundo começou abruptamente em um ato de criação ao qual se pode rastrear as sementes de cada estrela, cada planeta, cada ser vivo neste cosmos e na Terra. E eles descobriram que tudo isso aconteceu como produto de forças que eles não podem esperar descobrir… Que há o que eu ou qualquer pessoa chamaria de forças sobrenaturais em ação é, agora, creio eu, um fato cientificamente comprovado."

Jastrow não estava sozinho ao invocar o sobrenatural para explicar o início. Embora considerasse isso pessoalmente “repugnante”, o especialista em Relatividade Geral Arthur Eddington admitiu o mesmo quando disse: "O início parece apresentar dificuldades insuperáveis, a menos que concordemos em encará-lo francamente sobrenatural".

Por Que a Causa do Universo Deve Ser Sobrenatural?

Agora, por que cientistas como Jastrow e Eddington admitiriam, apesar de suas reservas pessoais, que há forças "sobrenaturais" em ação? Por que as forças naturais não poderiam ter produzido o universo? Porque não havia natureza e não havia forças naturais ontologicamente antes do Big Bang – a própria natureza foi criada no Big Bang. Isso significa que a causa do universo deve ser algo além da natureza – algo que chamaríamos de sobrenatural. Isso também significa que a causa sobrenatural do universo deve, no mínimo, ser:

Sem espaço, porque criou o espaço;

Atemporal, porque criou o tempo;

Imaterial, porque criou a matéria;

Poderoso, porque criou a partir do nada;

Inteligente, porque o evento da criação e o universo foram precisamente projetados;

Pessoal, porque fez uma escolha ao converter um estado de nada em algo (forças impessoais não fazem escolhas).

Esses são os mesmos atributos do Deus da Bíblia (o que é uma das razões pelas quais creio no Deus da Bíblia e não em um deus mitológico como Zeus).

A Negação Ateísta Diante das Evidências do Big Bang

Mencionei no debate que outros cientistas que fizeram descobertas relacionadas ao Big Bang também concluíram que as evidências são consistentes com o relato bíblico. Robert Wilson – codescobridor da Radiação Residual do Big Bang, que lhe rendeu um Prêmio Nobel de Física – observou: “Certamente houve algo que deu início a tudo. Certamente, se você é religioso, não consigo pensar em uma teoria melhor da origem do universo para combinar com Gênesis.” George Smoot, codescobridor das Sementes da Grande Galáxia, que também lhe renderam um Prêmio Nobel, fez eco à avaliação de Wilson, dizendo: "Não há dúvida de que existe um paralelo entre o Big Bang como evento e a noção cristã de criação a partir do nada".

Como Hitchens reagiu a essas evidências? De forma previsível, ele disse que eu estava "especulando" – que ninguém pode estar por trás do evento do Big Bang. Digo "previsível" porque essa é exatamente a resposta que o Dr. Jastrow disse ser comum para os ateus que têm sua própria religião – a religião da ciência.

Jastrow escreveu: “Existe uma espécie de religião na ciência… todo efeito deve ter sua causa; não existe uma Primeira Causa… Essa fé religiosa do cientista é violada pela descoberta de que o mundo teve um começo em condições nas quais as leis conhecidas da física não são válidas, e como produto de forças ou circunstâncias que não conseguimos descobrir. Quando isso acontece, o cientista perde o controle. Se ele realmente examinasse as implicações, ficaria traumatizado. Como de costume, ao se deparar com um trauma, a mente reage ignorando as implicações – na ciência, isso é conhecido como ‘recusar-se a especular.’”

A Ciência Aponta Para Deus

Hitchens admite as evidências, mas ignora suas implicações para manter cegamente sua própria fé religiosa (assista ao debate completo no canal do Youtube da CrossExamined aqui). Como pode ser especulação dizer que, uma vez que todo o espaço, tempo e matéria foram criados, a causa deve ser sem espaço, atemporal e imaterial? Isso não é especulação, mas seguir as evidências até onde elas levam.

O Dr. Jastrow, apesar de seu agnosticismo, nos disse para onde as evidências levam. Ele terminou seu livro da seguinte forma: “Para o cientista que viveu pela sua fé no poder da razão, a história termina como um pesadelo. Ele escalou as montanhas da ignorância; estava prestes a conquistar o pico mais alto; e ao puxar-se sobre a última rocha, é saudado por um grupo de teólogos que estão sentados ali há séculos.”